'Ouro verde do sertão': Bahia tem a maior produção de sisal do mundo
04 Dezembro 2024

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'Ouro verde do sertão': Bahia tem a maior produção de sisal do mundo

Após quase 40 anos de decadência, a demanda pelo produto tem aumentado nos últimos anos, devido à valorização de itens naturais e pressões pela preservação ambiental em todo o planeta.

A Bahia é o principal produtor de sisal do mundo, detém 90% da produção do Brasil, o país que mais cultiva a agave no planeta, de acordo com a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa). No estado, são produzidas, em média, 140 mil toneladas de fibras de sisal por ano, e cerca de 50% desse total é vendido para Ásia, Europa e, principalmente, para a América Central.

O "ouro verde do sertão" teve seu apogeu entre as décadas de 60 e 70, quando havia grande demanda internacional pela fibra, utilizada na confecção de cordas, fios, estofados, carpetes e tapetes, entre outros produtos. O mercado declinou nos anos 80, com a concorrência das fibras sintéticas, e nunca mais teve o mesmo sucesso do passado.

Até mesmo a área plantada encolheu, não somente porque a fibra perdeu valor de mercado, mas também porque a seca na região dizimou boa parte das plantas, conhecida mundialmente pela resistência à estiagem.

A fibra tem voltado à moda com a valorização dos produtos ecologicamente corretos e também com a pressão mundial para preservação do meio ambiente. Além de natural, quando descartada, a fibra de sisal se decompõe sem poluir a natureza - e ainda serve como adubo para o solo - ao contrário da sintética. Depois que a palha é cortada, a planta rebrota em seis meses, o que ajuda a manter o semiárido em equilíbrio.

Nos últimos anos, decoradores e arquitetos passaram a utilizar o sisal em projetos com maior frequência, e a demanda pela fibra tem sido crescente, não somente no Brasil, mas também no exterior.

Atendendo a essa tendência, a principal entidade representativa da cultura do sisal no país, a Associação de Desenvolvimento Sustentável e Solidário da Região Sisaleira (Apaeb), manufatura a fibra e dá origem a mercadorias como carpetes, tapetes e cordas.

"No passado, a gente só fazia batia o sisal no motor e exportava. Hoje em dia, tem o beneficiamento. Isso gera oportunidade de trabalho. A cada emprego que a gente gera aqui, são oito no campo para fazer a fábrica funcionar. Antigamente o sisal nem era classificado, hoje temos três tipos diferentes. O tapete é o tipo 1 e quanto mais clarinha a fibra, maior o valor do sisal", disse o presidente da associação, Jairo Oliveira, em entrevista para a TV Bahia.

A sede da Apaeb fica em Valente, município a cerca de 250 km de Salvador que pertence ao "território do sisal". São 20 cidades e cerca de 700 mil pessoas envolvidas, direta ou indiretamente, com a produção, comércio ou industrialização do sisal.

A Apaeb compra boa parte da produção regional (800 toneladas mensais, em média) e transforma em itens cujas vendas, atualmente, estão concentradas no Brasil - sobretudo no estado de São Paulo, que reúne as maiores redes de distribuição dos manufaturados. Outra parte é repassada para o mercado internacional.

Um dos países que compra tapetes feitos com sisal da Bahia é a Alemanha. A pequena cidade de Dorsten, que tem forte tradição na área têxtil, valoriza o fabrico artesanal e defende marcas preocupadas com a questão ambiental.

Lá, a reportagem da TV Bahia ouviu o advogado Gregor Von Steinhaousen, um fã dos tapetes de sisal, que já adquiriu diferentes exemplares. "O visual é fantástico, me agrada muito. Gosto da ideia de usar em minha casa, especialmente porque tenho crianças em fase de crescimento. E também não uso nada que polua o solo ou o ar”, contou.

A declaração do alemão reforça o discurso do presidente da Apaeb. "A qualidade dos tapetes, carpetes e capachos e a preocupação com a preservação do meio ambiente impulsionam o nosso crescimento", afirmou Jairo.

A associação possui modernos teares, com capacidade para produzir até 100 mil metros quadrados de tapetes e carpetes por mês. A fábrica funciona diariamente e gera cerca de 250 empregos diretos.

A estrutura contrasta com a rusticidade da produção de sisal no campo. A colheita é manual, a fibra é transportada no lombo de jumentos e desfibrada com um equipamento antiquíssimo, que já causou incontáveis mutilações na região.

 

 

Fonte: G1

Foto 1: Odilon Reny R. F. da Silva

Foto 2: Reprodução/TV Bahia

 

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